As poucos, felizmente, a relação do ser humano com a saúde mental está mudando. As pessoas já compreendem a importância e necessidade do equilíbrio da mente e do corpo para manutenção de relações leves e saudáveis. Mas ainda é uma mudança tímida, pois somos cercados por uma cultura de abandono do doente psíquico. Uma realidade nua e crua, cercada por preconceitos sentidos na pele por quem enfrenta qualquer tipo de transtorno mental.
Embora o contexto atual venha, cada vez mais, protagonizando questões psicológicas em função do advento da internet e das redes sociais, historicamente a nossa sociedade desenvolveu-se fazendo vistas grossas para o preconceito em relação a pessoas que sofrem de transtornos mentais onde, inclusive, muitas passam por constrangimentos e são vítimas de abusos diversos. Ao ponto de sentirem a necessidade de esconder que fazem tratamento psiquiátrico ou são acompanhados por um psicólogo, psicanalista ou psiquiatra, porque sabem que podem ser discriminados ou excluídos. Por isso, é extremamente relevante a promoção de um maior engajamento da sociedade, através de um olhar diferenciado. Que seja uma oportunidade provocativa à reflexão sobre essa cultura que, na grande maioria das vezes, é negligenciada por tabus e preconceitos que devem ser desmistificados.
A linguagem da mente ainda é desconhecida para grande parte da população. As pessoas acreditam que faz parte do rol de doenças mentais apenas os casos mais severos, em que os sintomas são aparentes. Não compreendem que a ansiedade e a depressão também são problemas psíquicos, que apresentam o maior índice de crescimento hoje entre as doenças mentais diagnosticadas. Inclusive, a depressão é considerada a doença do século e temos que ter a consciência clara de que todos estamos sujeitos a sofrer com algum tipo de transtorno mental ao longo da vida.
O adoecimento mental traz uma certeza: sem saúde psíquica não existe paz, não há harmonia nas relações e nem energia para cuidar das coisas mais simples da vida. Além do mais, não há sossego para zelar por quem amamos. Esse cuidado com as dores da mente é um investimento urgente que gera bem-estar e equilíbrio ao ser humano.
De forma prática, quanto mais falamos sobre nossos sentimentos, mais conscientes ficamos de nossos vazios e das nossas forças. Afinal, quem cuida da mente, cuida da vida. A terapia traz alívio do estresse, das tensões cotidianas, além de auxiliar na resolução de conflitos e alterações de caminhos. São muitas as questões mentais que devem ser tratadas e acompanhadas, como: depressão, transtornos generalizados de ansiedade, Síndrome de Burnout, hiperatividades, dislexias, esquizofrenias, fobias, pânicos em geral, Transtorno Borderline, alterações severas de humor, bulimias, estresse, dificuldades de enfrentamento do luto, anorexias, psicopatias, autismo e transtornos obsessivos compulsivos, dentre outros.
Enfim, assim como definido pela própria OMS – Organização Mundial de Saúde -, não podemos esquecer que o conceito de saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social, não apenas a ausência de doenças ou demais enfermidades. Ou seja, é preciso entender que é urgente o acolhimento emocional para auxiliar na superação de conflitos, traumas ou dificuldades emocionais.